quinta-feira, outubro 30, 2008

Blogue no semanário «Reconquinta»


Intervindo num comentário a um dos posts deste blogue, convidara-nos recentemente o sr. José Furtado, jornalista do Reconquista, a trocar umas impressões sobre o salvadorbarquinhad’oiro. Anuímos de bom grado, e eis que, duma breve conversa telefónica que depois tivemos, resultou o excelente trabalho jornalístico que aqui se vê em imagem.
Pondo de parte falsas modéstias ou humildades fingidas, sabemos perfeitamente que o impacte procurado pela iniciativa mediática há-de encontrar-se na promoção regional desta nossa zona, e não em eventual mérito nosso. É este, aliás, o caminho correcto para um órgão de imprensa idóneo e actuante, bem como para um jornalista atento e consciente da sua missão.
Muito obrigado Reconquista.
Muito obrigado jornalista José Furtado.

domingo, outubro 26, 2008

Emigrantes e Imigrantes


Os anos sessenta e setenta caracterizaram-se por uma grande sangria de braços na agricultura, já de si bastante depauperada e incapaz de propiciar sustento suficiente que mantivesse as pessoas agarradas à terra. A procura de melhores condições de vida, foi o motivo para que muitos salvadorenses procurassem trabalho em países estrangeiros, enfrentando a dificuldade das novas línguas e de culturas diferentes, numa aventura no escuro, mas de expectativas elevadas.
Separação dos seus entes queridos, solidão entre uma população desconhecida e saudades da sua terra natal, são marcas na vida de todo o imigrante, que o acompanham a todo o momento. Até que regresse, para sentir o aconchego do lar, procura amenizar a sua angústia, passando os dias de festa, ou de maiores recordações, entre conterrâneos ou companheiros de trabalho mais chegados.
Um pouco à maneira do célebre «fogo sagrado», que unia os Gregos nas cidades-estado e nas colónias que a Antiga Grécia fundou ao longo das costas mediterrânicas, também os nossos emigrantes se organizavam, nos países de acolhimento, quer em associações, quer em meras confraternizações familiares ou de amigos, assim preservando a cultura e os usos e costumes da sua aldeia.
Esta foto fixou um momento das ditas separação, solidão e saudades. Ocorreu em Singen, na Alemanha, no dia 31 de Dezembro de 1983. Brinda-se à passagem do ano, mas o brilho dos olhos é diferente: pode camuflar a solidão, mas denota a separação e não encobre as saudades!

quarta-feira, outubro 22, 2008

O «Antes» e o «Depois»


Esta fotografia é do Antes e do Depois. Acontece no Salvador, no princípio de 1969, e o fotógrafo foi o Durante.
Nesta peregrinação terrena são-nos facultadas algumas graças que nos acarinham e fazem crescer; que nos alegram o coração e humedecem os olhos; que nos suavizam o caminho e nos impedem de desistir. São graças que – vê-lo-emos mais tarde – são para deixar à porta, no fim da caminhada.
Durante, recebemos a vida, o amor e as bênçãos dos nossos pais – o Antes –, e transmitimos a vida, o amor e as bênçãos aos nossos filhos – o Depois.
– Creio que já cumprimos, ... ou quase (falto eu!).

(Na imagem: os avós Maria e José, com os netos Fátima e Zé)

segunda-feira, outubro 13, 2008

A «Casa da D. Lusitana»


Ainda lá está, altaneira e bela, à beira da estrada, do lado esquerdo, assim que da portela se começa a descer para o centro da povoação. Mudou de dono há tempos, mas, para as gerações mais maduras, continua a ser a «Casa da D. Lusitana».
Trata-se de um soberbo edifício, em estilo colonial, dos anos trinta, implantado na encosta da serra, donde domina uma paisagem deslumbrante. Foi mandada construir pelo Sr. José Manuel Lopes de Almeida, que exerceu a sua actividade no Ultramar e era casado com D. Lusitana Pereira, de Salvador, filha do antigo e conhecido comerciante José Robalo da Cunha Pereira.
Estes proprietários deram sempre muito pouco uso à mansão; julgamo-lo, mesmo, apenas restrito a curtos períodos de descanso ou de férias. Deste modo, para ali esteve anos e anos, até que os actuais donos a salvaram duma degradação já iminente.
Autêntico ex-libris de Salvador, a «Casa da D. Lusitana» era vista e admirada por todos os forasteiros que nos visitavam. Até a juventude local se servia da sua imponente escadaria de granito, para ali se sentar, cavaqueando, nos domingos à tarde, ou, como é o caso presente, para sorrir ao fotógrafo com aquela beleza por fundo.
A foto de cima é de 1959; a de baixo, de 1965.

quinta-feira, outubro 09, 2008

Os noivos, os convidados e os mirones


Nesta altura, ainda o casamento religioso era o grande acontecimento da vida, não apenas dos noivos como das respectivas famílias. A própria terra e as suas gentes viviam estes dias com um entusiasmo e uma ansiedade tais, que era como se o espírito de família se estendesse a toda a população durante os cerimoniais.
A imagem, com os convidados muito acotovelados e juntinhos aos noivos e ao pároco, e todos eles prestes a serem engolidos pela multidão dos mirones, é bem o reflexo desse sentimento generalizado. A foto não o mostra, mas o repicar dos sinos, nesta hora, potenciava sobremaneira o bater de todos os corações.
Foi há cinquenta anos o casamento da Patrocínia e do Artur. Uniu duas famílias das mais conceituadas das nossa terra: a do lavrador José Lopes «Carapito» e a do comerciante João da Cruz Monteiro.
(Foto cedida pelo José Manuel Borrego Ribeiro).

quinta-feira, outubro 02, 2008

«Branca e radiante vai a noiva»


Branca e radiante vai a noiva, assim começa o belo poema da inspirada canção «La Novia», que o chileno Antonio Prieto havia de compor, escassos três anos depois desta fotografia.
A noiva é a Maria Alice Afonso e é ela que ali vai, branca e radiante, na Rua da Igreja (hoje Rua Professor Manuel Vicente Moreira), em direcção à casa dos pais, na Rua da Salgadeira.
Passaram cinquenta anos após esse 1 de Outubro de 1958.
Felizmente, este casamento ainda dura.