terça-feira, novembro 11, 2008

Cena de fim de vindima


Esta é uma bela cena de fim de vindima, em que um friso de lindas mulheres posam para o retrato, exibindo alguns dos cachos de uvas acabados de recolher da vinha.
O quadro não ficaria completo sem a presença masculina. Temos ao centro José Raposo, o «Zezito Raposo», comerciante em Lisboa, mas particular amigo da sua terra, onde se deslocava ao mais pequeno pretexto, como é o caso presente das animadas festas das vindimas. A ladear o grupo, temos dois guardas-fiscais, José Afonso e Alfredo Rodrigues Lopes (de boné), que passaram grande parte das suas vidas em Salvador, com as respectivas famílias, e nesta terra se integraram completamente.
Malfadadamente não sabemos a data deste feliz instantâneo, embora julguemos que possa ser dos anos trinta, ou perto disso.

Foto cedida por Amadeu Afonso

quarta-feira, novembro 05, 2008

Piquenique na Sr.ª de Mércules


Era 1959. Estávamos em Castelo Branco, cumprindo o serviço militar no Batalhão de Caçadores n.º 6. As distâncias não eram como são hoje. Sessenta quilómetros era muito longe.
Nos raros fins-de-semana que íamos casa, à chegada da camioneta da carreira éramos recebidos com lágrimas de alegria, e da mesma forma deixávamos molhados os olhos da nossa mãe, quando, passados dois dias, tínhamos de regressar ao quartel.
Nos outros dias de folga, valiam-nos alguns amigos e conterrâneos que residiam na cidade. Com eles passávamos o tempo e era como se estivéssemos em casa.
Um soldado era alguém que estava a cumprir um dever de honra, pronto para o sacrifício maior, facto que, naquele tempo, merecia a atenção e o carinho das pessoas.
A imagem é de um piquenique no arraial da Senhora de Mércules, em Castelo Branco, que se festeja todos os anos, quinze dias depois da Páscoa.
O «palhinhas» não tem rótulo, o que indica que era da adega. O Manuel Sebastião e a sua Lurdes Leitão (que descascam fruta) levaram o farnel e convidaram os amigos, como era seu timbre. Amigos eram eles, e de eleição, dizemos nós: daqueles que mantemos no nosso coração, quer a Lurdes – que ainda está connosco –, quer o seu «Manel», que bem cedo nos deixou!