terça-feira, fevereiro 08, 2011

Lagar do Seabra


Esta foto de 1973, regista uma procissão que vem da capela de Santa Sofia para a igreja matriz de Salvador. O cortejo passa no «Fundo da Estrada» e o grande edifício de alvenaria que se vê em fundo é o Lagar do Seabra.
A nossa terra era, naquele tempo, grande produtora de azeite, dispondo de nada menos do que quatro lagares. Os outros três eram o Lagar do Dr. Júlio, no complexo a que pertence o actual Centro de Dia; o Lagar do Meio, no edifício da nova padaria/confeitaria «O Lagar»; o terceiro era o Lagar Fundeiro, cujo edifício foi recentemente adaptado para alojar o moderno minimercado «Sabor Popular».
O Lagar do Seabra, seria, alguns anos depois, completamente demolido para dar lugar à construção de casas de habitação, não deixando qualquer vestígio para os nossos dias. Era, de todos, o mais antigo e o único que laborava apenas com recurso à força animal, além da humana, evidentemente. Tratava-se de um tradicional «lagar de varas», ainda à boa maneira romana, em que as forças se conseguiam à custa do emprego das leis físicas básicas e das chamadas máquinas simples.
A azeitona, triturada pelas galgas puxadas por juntas de bois, era, em seguida, colocada em sucessivos capachos circulares, depois empilhados e sujeitos ao peso de um enorme tronco de árvore – a vara –, que assim espremia o precioso líquido.
A azáfama que ali se verificava num dia de trabalho era coisa muito bonita de se ver e nós, jovens da altura, ficávamos ali horas a fio, embasbacados, perante a agitação de homens e animais, e perante a monumentalidade daquelas varas de tamanho e envergadura impressionantes.
Aos jovens de agora, recomendamos vivamente a visita a um Lagar de Varas, por exemplo à vizinha povoação de Idanha-a-Velha, que tão bem o soube preservar, num belo museu que lhe dedicou.

A fotografia é do conterrâneo José Morais, a quem peço me desculpe a usurpação.