segunda-feira, maio 30, 2011

Rancho melhorado


Ao aproximar-se o dia 1 de Junho, data da inauguração do monumento aos antigos combatentes do concelho de Penamacor, nada melhor do que a preparação de um belo rancho melhorado, preparado com todo o requinte, na sumptuosa e moderna cozinha da Companhia, a qual, como se vê, está equipada com o mais avançado material hoteleiro, desde enormes travessas, grandes tachos, panelas e panelões, bancadas e bancos, até ao sofisticado «barbecue grill».
A cena passa-se por volta de 1970 e o prato do dia é leitão assado com batatinhas alouradas. Esperamos que o apetitoso petisco tenha sido acompanhado com uns copinhos de tinto «do puto»... para desenjoar da cerveja.
O «chefe» é o Adelino Gonçalves Calamote, filho dos meus estimados e saudosos primos Henrique Calamote e Arminda Gonçalves. A fotografia mandou-a ele aos «queridos tios», meus pais, que a tiveram religiosamente exposta num quadro da parede, até que a casa entrou em obras. Herdei-a eu.

Um grande abraço, caro primo!

quinta-feira, maio 26, 2011

Guerra do Ultramar



Inaugurar-se-á no próximo dia 1 de Junho, em Penamacor, o monumento em homenagem aos combatentes da Guerra do Ultramar. Fará nesse dia 36 anos que desembarquei em Lisboa, vindo de Angola, de regresso da minha última comissão militar.
Nesse dia de 1975, a escassos meses de o Alm. Leonel Cardoso, Alto Comissário e Governador-Geral de Angola, proclamar a independência daquele território de administração portuguesa, o meu estado de espírito era de muita confusão e de bastantes incertezas.
Como profissional, cada vez que regressava começava a contar os dias que faltavam para a comissão seguinte. Desta vez não seria bem assim. Mas como seria, então?
Foram 500 anos de uma realidade a que nos habituáramos. Como evoluiria agora?
Fosse como fosse, uma forte esperança envolvia, com o seu enorme manto verde esmeralda, as imensas dúvidas e interrogações que se punham à nossa frente.
E vem o recurso à poesia… mesmo que pretensiosamente invocada.

segunda-feira, maio 23, 2011

Programa da inauguração do Monumento aos Combatentes



Salvador Barquinha d'Oiro, tem a honra e o orgulho de mostrar, acima, o programa da inauguração do monumento de homenagem aos antigos combatentes do Concelho, que terá lugar em Penamacor no próximo dia 1 de Junho, com as honras adequadas.

Velha aspiração de todos quantos deram o seu contributo ao chamamento da Pátria, e que já desesperavam de ver, no nosso concelho, a respectiva concretização.

Ela chegou, agradeçamos aos que a tornaram possível, e mostremos o nosso agrado, «tirando» o dia 1 de Junho aos nossos afazeres e ócios, e dedicando-o a confraternizar, à volta do monumento, com os antigos camaradas, e/ou seus familiares, e a evocar e honrar os mortos.

Avancemos, todos, ...mais esta vez!

sexta-feira, maio 20, 2011

Antigos Combatentes



Falta pouco mais de uma semana para que os antigos combatentes do concelho vejam inaugurado o memorial que assinala, e de certo modo premeia, um esforço hoje considerado sobrehumano, levado a efeito pelos rapazes da terra, nos anos mais doces e pujantes das suas vidas: um esforço que foi também das famílias, em especial das mães, das esposas e das namoradas, que foram abruptamente amputadas dos seus membros mais queridos e indispensáveis.

As guerras são ordenadas pelos políticos eminentes, mas feitas pelo povo humilde e anónimo.

Quando se trata de avançar para a batalha, é «rapidamente e em força»; porém, quando se deve reconhecer o sacrifício feito – que de muitos foi penoso e marcante, e de alguns foi da própria vida – já os políticos tergiversam, regateiam, adiam...

E, para termos direito ao monumento que vamos inaugurar, foi preciso passar meio século desde que o «Niassa», o «Vera Cruz», o «Ana Mafalda», o «Pátria», o «Angola» o «Índia», o «Carvalho Araújo» e tantos outros navios da nossa (saudosa) marinha mercante, começaram a levar e a trazer mancebos de então e anciãos de hoje, para as quatro partidas do mundo, onde, segundo os mesmos políticos, se continuava Portugal.

Mas, ainda assim, este «finalmente» só aconteceu agora porque alguns de nós, antigos combatentes, como o Libério Candeias Lopes, meteram mãos à obra – e os pés à parede, como se costuma dizer.

A eles dedico o pôr-de-sol que trouxe do caminho maritimo descoberto 463 anos antes pelo antigo combatente português Vasco da Gama.

domingo, maio 01, 2011

Geração de Combatentes



A chamada Guerra do Ultramar, iniciada há meio século e terminada em 1974, fez da minha uma geração de combatentes. A última vez que Portugal tivera uma geração de combatentes fora entre 1917 e 1918, na 1.ª Grande Guerra: a geração do meu pai, que esteve lá, no Corpo Expedicionário Português a Moçambique.
Julgo que o Poder Político da época não terá tratado brilhantemente a geração combatente do meu progenitor, mas nunca me constou que tivesse achincalhado o voluntarismo patriótico dispendido por soldados, sargentos e praças, ou depreciado o esforço militar desenvolvido por todos, como fez com a minha própria geração; como, também nunca me pareceu que, frequentemente manifestasse públicas simpatias pelo inimigo de então e exaltasse as deserções e o incumprimento de missões de que, muitas vezes, resultaram mortos e feridos do nosso lado, como sucedeu desta feita.
Também do ponto de vista de honrar os antigos combatentes, com um simples memorial comemorativo que fosse, é de todos sabido que complicações, que entraves e que morosidades isso comporta nos nossos controversos tempos, – aliás bem injustamente, porque as consciências contrárias ao envio de tropas para o antigo Ultramar Português, são as mesmíssimas que mandam tropas para missões de guerra em países estrangeiros, sem quaisquer laços patrióticos, linguísticos, ou outros, connosco…
Já escrevi sobre isto em «A Bósnia e a lição da Guerra do Ultramar», publicado no Jornal do Exército, n.º 432, Dezembro 1995, p. 4).
O concelho de Penamacor terá, enfim, em 1 de Junho próximo, o seu monumento aos Combatentes do Ultramar!