quarta-feira, dezembro 10, 2008

O Madeiro de Natal


Os adros das aldeias e vilas da Beira-Baixa preparam-se, nesta altura do ano, para acolher o tradicional Madeiro de Natal.
O Salvador de outros tempos fez sempre questão de cumprir este ancestral costume, e, quando os rapazes entrados à tropa se atrasavam, logo os homens casados se punham em campo, arregaçavam as mangas, e o madeiro aparecia.
Lembramos aqui um Natal passado em África, no serviço militar, em que jovens salvadorenses, beirões, e não só, procuraram recriar a tradição das suas terras, pondo-se a caminho da mata africana, à cata de troncos secos, que carregaram num camião e depositaram na parada do quartel, num monte enorme, que deu fogueira acesa durante a quadra festiva.
A imagem mostra os pormenores, descritos e publicados, primeiro no Sentinela das Beiras, o jornaleco da Unidade, carinhosamente dactilografado e reproduzido a stencil, e, trinta e tal anos mais tarde, no Jornal do Exército (n.º 432, de Dez95, pp. 34-35).
Poderemos avaliar o «sabor» daquela fogueira, se pensarmos na comunicação que era possível nos anos sessenta: sem telemóvel, sem internet, o veloz correio aéreo levava-nos as notícias da família reportadas à semana (ou à quinzena) anterior.
Tínhamos, enfim, dois anos (pelo menos), para aprender a viver com as saudades em diferido!
– Aos que, apesar de apoiarem as actuais missões de militares portugueses no estrangeiro, olham os antigos combatentes de soslaio – que muitos há ainda – desejamos um quente Madeiro de Natal, o mesmo que a todos os nossos amigos!

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