domingo, julho 12, 2009

A turma de Tavira



Vai para cinquenta anos que, entre os dia 1 de Setembro de 1959 e 30 de Janeiro de 1960, este vosso amigo conheceu, ao pormenor, a bela cidade de Tavira. A terra algarvia que mais igrejas tinha, diziam. E era verdade: acho que nem cheguei a visitá-las todas, apesar do inegável atractivo monumental, da pluralidade de estilos arquitectónicos e da diversidade de influências religiosas de cada uma delas.

Naquele tempo Tavira fervilhava de militares, que animavam o comércio e as pensões, e alvoroçavam o sentido do elemento feminino, perante o renovar constante de vagas de imberbes mancebos e, como tal, de potenciais hipóteses de namorico... ou talvez mais.

De facto, funcionava ali o Centro de Instrução de Sargentos Milicianos de Infantaria (CISMI), por onde passavam anualmente algumas centenas de instruendos de todo o país. Muitos ali tiveram namoradas, ou madrinhas de guerra, e alguns por lá casaram.

Alguns dos camaradas de turma vim a encontrá-los, cerca de dois anos após, na odisseia portuguesa do Ultramar; outros não os vi mais. Que vivam e que sejam felizes todos!

Neste mundo, tanta coisa mudou, entretanto!

Mas da juventude que detínhamos, da camaradagem que sentíamos, da solidariedade que retribuíamos, das ilusões que eram só nossas, durante aqueles excitantes cinco meses em conjunto, subsiste, ao fim deste meio século, este elo de amizade que, ao recuperar as imagens, o faz com o coração cheio e o olhar húmido.

1 comentário:

António Serrano disse...

Também passei pelo CISMI, 5 anos depois. Sem saudades, a não ser da idade e da inocência que perdi. Gostei muito de visitar este trabalho, onde pude recordar coisas que ainda "falam comigo". Ligado ao Salvador pela minha Avó paterna, "morei" na Tapada do Cabeço, em gaiato, ponto de passagem obrigatório de padeiras, contrabandistas e passageiros para a "carreira" Martins Évora, pelas 5 e meia da manhã. Aquelas figueiras eram uma tentação e a água da fonte uma delícia, para os viandantes esfomeados e com sede, em pleno Verão. Estive lá, na semana passada, à procura de um mundo que já não existe. Apenas a água. Que bebi, com prazer, embora a saber a plástico, agora já na torneira do parque de merendas, junto da ribeira que vem de Aranhas. Fui, "10 réis de gente", muitas vezes, na burra, "moer o taleigo" à fábrica de meu Tio. Afim. Mas quem eu gostava mesmo de lá ir ver era a minha "Avó Pequenina", uma memória muito, muito remota...
Penso que hei-de voltar por aqui.