sábado, outubro 03, 2009

Dormir ao relento


Dormir ao relento foi uma das experiências que mais me marcaram na juventude. O meu irmão mais velho, que vivia em Lisboa, não podia passar as suas férias de verão, no Salvador, sem que fossemos dormir, pelo menos uma noite, à nossa horta, debaixo de uma enorme oliveira que ali existia.
Então lá íamos todos os de casa, grandes e pequenos. Espalhávamos umas faixas de palha pelo chão, e, sobre a palha, grossas mantas de trapo faziam de lençóis. Com mais dois ou três cobertores, dormíamos todos juntos, lado a lado, naquela cama enorme.
Eu, nos meus dez anos, não era muito foito em questões de noite e de escuro, mas, com tanta companhia, sentia-me completamente seguro, e excitado, mesmo, com a aventura.
Os adultos ficavam a conversar até altas horas e a olhar para o céu e para as estrelas. Os mais pequenos acabavam por adormecer e sonhar, até que o luz do dia os acordava, bem cedo aliás, no dia seguinte.
Esta foto é de 1948, e documenta uma das felizes manhãs da horta, após uma noite em cama de feno, no maravilhoso concerto dos sons e dos aromas da Natureza – como o cantar dos grilos e o odor dos poejos –, sob um firmamento de luzes monumentais.

3 comentários:

magda disse...

Lembro-me dos meus avós fazerem o mesmo, mas levavam mesmo uma cama para passar a noite debaixo de uma mimosa.

Onde posso arranjar o livro?

AC disse...

Olá Magda
Obrigado pelo comentário.
O livro pode ser obtido na Junta de Freguesia de Salvador ou na Câmara de Penamacor (Museu ou Posto de Turismo), entidades que custearam a edição. A Junta tem-no oferecido, pelo menos até domingo passado, que lá estive.
Pode, também, recorrer à editora (Edições Colibri), cujo link está na imagem do livro, no blogue.
Cumprimentos
Albertino Calamote

AC disse...
Este comentário foi removido pelo autor.