Moravam na minha rua, a Rua da
Cinza, e era um casal extremamente simpático, que eu já conheci com muita idade, bastante velhos mesmo, quando
comecei a reparar em pessoas, para além dos meus familiares chegados e dos outros
garotos, meus colegas da brincadeira.
Maria Bárbara Robalo e António
Amaral Antunes, ambos de pequena estatura, ela doméstica e ele alfaiate e
barbeiro, acumulando, como era de uso naqueles recuados tempos, com funções
virtuais de médico, de cirurgião, de farmacêutico, de dentista e de enfermeiro, que não
existiam no Salvador de então.
António Amaral Antunes era das
poucas pessoas da terra que sabia ler e escrever,possuindo, ainda, vasta gama de
conhecimentos empíricos. Para lá dos ofícios que exercia, e de que vivia, teve
oportunidade de aliviar dores e curar certas maleitas aos seus conterrâneos,
chegando a salvar vidas com os seus serviços e saberes, o que, de outro modo,
seria impossível. Ainda lhe sobrava tempo paras funções cívicas: em 1926 integrava, como secretário, a Junta de Freguesia de Salvador, juntamente com o prof. Manuel Vicente Moreira e com José Antunes
Peres.
António Amaral Antunes já faleceu
há muito tempo, com 82 anos. Era pai de Manuel Amaral Antunes, também há muito
falecido, que seguiria o pai nos ofícios, nos saberes e na consideração
pública, apesar de já em tempos diferentes, e avô do nosso particular amigo de
infância, José Gonçalves Amaral, ou Zeca Amaral, também salvadorense de qualidade,
também ele já a aproximar-se seriamente dos oitenta.
A fotografia foi-nos cedida por Leonel Salvado, a quem agradecemos.
Sem comentários:
Enviar um comentário