terça-feira, agosto 07, 2012

Gente da minha rua


Moravam na minha rua, a Rua da Cinza, e era um casal extremamente simpático, que eu já conheci  com muita idade, bastante velhos mesmo, quando comecei a reparar em pessoas, para além dos meus familiares chegados e dos outros garotos, meus colegas da brincadeira.
Maria Bárbara Robalo e António Amaral Antunes, ambos de pequena estatura, ela doméstica e ele alfaiate e barbeiro, acumulando, como era de uso naqueles recuados tempos, com funções virtuais de médico, de cirurgião, de farmacêutico, de dentista e de enfermeiro, que não existiam no Salvador de então.
António Amaral Antunes era das poucas pessoas da terra que sabia ler e escrever,possuindo, ainda, vasta gama de conhecimentos empíricos. Para lá dos ofícios que exercia, e de que vivia, teve oportunidade de aliviar dores e curar certas maleitas aos seus conterrâneos, chegando a salvar vidas com os seus serviços e saberes, o que, de outro modo, seria impossível. Ainda lhe sobrava tempo paras funções cívicas: em 1926 integrava, como secretário, a Junta de Freguesia de Salvador, juntamente com  o prof. Manuel Vicente Moreira e com José Antunes Peres.
António Amaral Antunes já faleceu há muito tempo, com 82 anos. Era pai de Manuel Amaral Antunes, também há muito falecido, que seguiria o pai nos ofícios, nos saberes e na consideração pública, apesar de já em tempos diferentes, e avô do nosso particular amigo de infância, José Gonçalves Amaral, ou Zeca Amaral, também salvadorense de qualidade, também ele já a aproximar-se seriamente dos oitenta.

A fotografia foi-nos cedida por  Leonel Salvado, a quem agradecemos.

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