A magnífica foto que hoje aqui apresentamos não está datada, supondo nós que seja de cerca de 1945, mais ano, menos ano. Ao centro de uma autêntica moldura humana, e quase engolido por ela, está o Ford V8, de matrícula AC-82-56, que foi o primeiro automóvel de Salvador e cuja chegada foi, como se vê, alvo da enorme curiosidade que a bela imagem tão bem regista.
O dono da formosa máquina era o senhor António Manteigas Raposo («Toninho» Raposo), que vemos atrás do ombro direito do tocador, aliás seu irmão «Zeca» Raposo.
O local da pose é o Adro da Igreja e o prédio de fundo é o da referida família Raposo, a mesma que, alguns anos antes, doara o relógio da torre da igreja da nossa terra.
Esta viatura, e o seu generoso proprietário, serviriam inúmeras vezes para situações de emergência, respondendo, graciosamente, a aflições de pessoas da terra, por mais humildes que fossem.
E o autor destas linhas nunca esquecerá que foi neste carro que, pela primeira vez, andou «a cavalo» num automóvel, e a «cavalada» foi bem comprida...
Teria eu oito ou dez anos, o Sr. António Raposo, que era muito amigo de meu pai, precisando de companhia para ir a Oliveira de Azeméis, onde tinha uma irmã, pediu ao amigo «Violas» que deixasse o rapaz ir com ele. E assim foi. Algo maravilhoso e inesquecível. Recordo que apanhámos neve na estrada, para lá da Guarda. Fizémos paragem, para comer, em Fornos de Algodres. Fixei este nome, que achei estranho para ser nome de terra, mas, mais ainda, fixei o que comi: bifana! Não sabia o que aquilo era, mas achei um desgoverno: um pedaço de carne, que daria para todos comermos em casa, com batatas ou com arroz, estava todinho dentro do meu papo-seco! Visto com os olhos de agora, parecerá tudo normal e nada extraordinário, mas, naquele tempo, não se comia carne com a abundância de hoje. A carne do porco estava na salgadeira e era para durar todo o ano; as galinhas deviam pôr ovos e a sua carne era para os doentes; cabrito e borrego comiam-se nas festas, quem os tinha ou possuía dinheiro para comprar; finalmente, as vacas serviam para lavrar e para puxar o carro... Como os tempos mudam!
Deixando a viagem e voltando à fotografia, os salvadorenses que nos seguem, sobretudo os mais velhos, encontrarão aqui muita gente conhecida, do tempo em que «chapéus ainda havia muitos»!
O dono da formosa máquina era o senhor António Manteigas Raposo («Toninho» Raposo), que vemos atrás do ombro direito do tocador, aliás seu irmão «Zeca» Raposo.
O local da pose é o Adro da Igreja e o prédio de fundo é o da referida família Raposo, a mesma que, alguns anos antes, doara o relógio da torre da igreja da nossa terra.
Esta viatura, e o seu generoso proprietário, serviriam inúmeras vezes para situações de emergência, respondendo, graciosamente, a aflições de pessoas da terra, por mais humildes que fossem.
E o autor destas linhas nunca esquecerá que foi neste carro que, pela primeira vez, andou «a cavalo» num automóvel, e a «cavalada» foi bem comprida...
Teria eu oito ou dez anos, o Sr. António Raposo, que era muito amigo de meu pai, precisando de companhia para ir a Oliveira de Azeméis, onde tinha uma irmã, pediu ao amigo «Violas» que deixasse o rapaz ir com ele. E assim foi. Algo maravilhoso e inesquecível. Recordo que apanhámos neve na estrada, para lá da Guarda. Fizémos paragem, para comer, em Fornos de Algodres. Fixei este nome, que achei estranho para ser nome de terra, mas, mais ainda, fixei o que comi: bifana! Não sabia o que aquilo era, mas achei um desgoverno: um pedaço de carne, que daria para todos comermos em casa, com batatas ou com arroz, estava todinho dentro do meu papo-seco! Visto com os olhos de agora, parecerá tudo normal e nada extraordinário, mas, naquele tempo, não se comia carne com a abundância de hoje. A carne do porco estava na salgadeira e era para durar todo o ano; as galinhas deviam pôr ovos e a sua carne era para os doentes; cabrito e borrego comiam-se nas festas, quem os tinha ou possuía dinheiro para comprar; finalmente, as vacas serviam para lavrar e para puxar o carro... Como os tempos mudam!
Deixando a viagem e voltando à fotografia, os salvadorenses que nos seguem, sobretudo os mais velhos, encontrarão aqui muita gente conhecida, do tempo em que «chapéus ainda havia muitos»!
Juntamos um diagrama com as personagens numeradas, para ajudar às identificações. Obviamente que solicitamos que no-las comuniquem, para que vamos actualizando o quadro. Podem fazê-lo através de comentário a este post ou para a.calamote@gmail.com.
Foto gentilmente cedida pela Exma Senhora D. Deolinda Raposo.
3 comentários:
Gostava muito que quem reconhecesse as pessoas presentes na foto as identificasse, pois pelo nome poderia reconhecer familiares que não conheço.
Maggy
Boa noite,
o 12 é de facto o meu avô Guilherme Martins
Para alem de achar estranho o nome da minha terra, tambem gostei de saber que nesses tempos ja ali se comia bem, que pena nao ter comido o nosso excelente "Queijo da Serra", mas sempre o pode fazer caso la volte passados tantos anos, ate e mais facil pois ja temos auto-estrada!
Um abraco dalgodrense.
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