quarta-feira, novembro 05, 2008

Piquenique na Sr.ª de Mércules


Era 1959. Estávamos em Castelo Branco, cumprindo o serviço militar no Batalhão de Caçadores n.º 6. As distâncias não eram como são hoje. Sessenta quilómetros era muito longe.
Nos raros fins-de-semana que íamos casa, à chegada da camioneta da carreira éramos recebidos com lágrimas de alegria, e da mesma forma deixávamos molhados os olhos da nossa mãe, quando, passados dois dias, tínhamos de regressar ao quartel.
Nos outros dias de folga, valiam-nos alguns amigos e conterrâneos que residiam na cidade. Com eles passávamos o tempo e era como se estivéssemos em casa.
Um soldado era alguém que estava a cumprir um dever de honra, pronto para o sacrifício maior, facto que, naquele tempo, merecia a atenção e o carinho das pessoas.
A imagem é de um piquenique no arraial da Senhora de Mércules, em Castelo Branco, que se festeja todos os anos, quinze dias depois da Páscoa.
O «palhinhas» não tem rótulo, o que indica que era da adega. O Manuel Sebastião e a sua Lurdes Leitão (que descascam fruta) levaram o farnel e convidaram os amigos, como era seu timbre. Amigos eram eles, e de eleição, dizemos nós: daqueles que mantemos no nosso coração, quer a Lurdes – que ainda está connosco –, quer o seu «Manel», que bem cedo nos deixou!

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