domingo, novembro 29, 2009

Rua da Cinza


Nesta foto (anos 60?), cedida pela Lena do Américo Morais, que, como eu, foram gente na Rua da Cinza, podemos ainda ver as «casinhas» que avançavam das moradias, à guisa de logradouro de arrumos. A «casinha» branca era do Ti Zé Violas e servia, simultaneamente, de oficina de sapateiro e de posto de correio, sendo, também, mormente de verão, uma espécie de clube onde se juntavam certas pessoas para um bom jogo de damas ou para uma animada converseta, sempre com o contributo bem homorado do anfitrião, enquanto batia a sola ou ponteava os sapatos.
Aqui vão uns versinhos à minha rua:

A Rua da Cinza é minha,
Herdei-a por nascimento.
Guardo-a, bem guardadinha,
Junto do meu pensamento.

Saindo do Fundo da Estrada,
Finda na Rua Direita.
Mesmo antes de ter calçada
Já ela era a mais perfeita.

Tinha casas, muitas casas,
Alegria e foliões;
Tinha rondas, tinha arruadas,
E flores nas procissões!

Tinha vida, muita vida,
Trabalho e divertimento;
Povo de cabeça erguida,
Salvador em movimento!

A Rua da Cinza é minha,
Herdei-a por nascimento.
Deixá-la-ei, inteirinha,
Quando fizer testamento.

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