sexta-feira, março 13, 2009

Os queijos da «Ti Mília»


Somos um dos muitos salvadorenses que emigraram para a capital à procura de meio de vida, já que a família não possuía terras que, por um lado, ocupassem os nossos braços e, por outro, bastassem à nossa sobrevivência.
Vivemos mais de meio século afastados da terra natal, salvo as breves visitas anuais, para matar saudades das pessoas e das coisas que, na ausência, povoavam o nosso imaginário: as pessoas eram os familiares, os amigos e os conterrâneos em geral: as coisas eram várias, mas os aromas e os paladares das nossas comidas em primeiro lugar.
Assim, queremos aqui evocar os queridos amigos Emília Vinagre e José Mendonça (infelizmente já falecido), visita obrigatória de cada vez que íamos à terra, e desejamos salientar aquela mesa sempre farta e sempre posta que, nas Naves, no Salvador ou no Carvalhal, acolhia os amigos.
Finalmente, devemos confessar que mantemos intacto, no nosso íntimo, o cheirinho e o gosto da sopa de grão com massa, da morcela e da farinheira, das azeitonas e do queijo da «Ti Mília».
São as suas mãos de fada que, na imagem, apertam a coalhada nos acinchos, extraindo o soro (magnífico!), que escorre sobre a francela e é aparado no alguidar.

Foto (cerca de 1970) cedida pelo Zeferino Afonso

Sem comentários: